Quando Deus Dividiu os Povos
Quando Deus repartiu os territórios no mundo, deu a cada povo o seu próprio Deus.
Embora muitos ignorem este artigo bíblico, ou fujam de compreendê-lo, a verdade é clara: quando Deus dividiu as nações, estabeleceu para cada uma delas uma entidade superior.
A própria Bíblia confirma isso:
📖 Deuteronômio 32:8 (NTLH)
“Quando o Altíssimo separou os povos e deu a cada povo as suas terras, ele marcou as fronteiras das nações, dando a cada uma o seu próprio deus.‘’
Essa tradução é bastante direta e desperta consciência, pois dá a entender que cada povo tinha a sua própria divindade reconhecida pelo Altíssimo. Por causa disso, este versículo tem levantado muitos questionamentos.
👉 Importante: o texto tem sido alterado em diversas traduções modernas da Bíblia. Em algumas versões, por exemplo, encontramos:
📖 Deuteronômio 32:8 (outra versão)
“Quando o Altíssimo dividiu a herança das nações, quando separou os filhos de Adão, fixou os termos dos povos conforme o número dos filhos de Deus.”
Essa diferença não é acidental: ela reflete a revisão e modificação dos textos bíblicos ao longo da história, muitas vezes para evitar interpretações que desafiem a narrativa religiosa dominante.
Diferenças Textuais e Manuscritos Antigos
Pesquisadores da Bíblia apontam que o versículo em questão tem três tradições textuais diferentes:
- Texto Massorético (hebraico tradicional, base da maioria das Bíblias atuais):
Lê-se “conforme o número dos filhos de Israel”. - Manuscritos do Mar Morto (descobertos em Qumran, datados de mais de 2.000 anos):
Trazem a leitura “conforme o número dos filhos de Deus (Elohim)” ou “filhos dos deuses”. - Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento, feita séculos antes de Cristo):
Também traz a leitura “anjos de Deus” ou “filhos de Deus”.
Essa comparação mostra que a versão mais antiga aponta para a ideia de que as nações foram entregues a diferentes entidades divinas — um conceito que reforça a espiritualidade plural e a diversidade cultural dos povos.
Ao longo dos séculos, especialmente com a consolidação do cristianismo europeu, a tradução foi ajustada para “filhos de Israel”, a fim de centralizar toda a narrativa bíblica em um único povo e um único Deus, eliminando a noção de que cada nação tinha direito a um deus próprio.
Reflexão Crítica
Se cada povo recebeu o seu Deus, isso significa que cada nação deveria preservar a sua forma de adoração, de acordo com os seus hábitos, costumes, língua e espiritualidade própria.
A grande questão é: por que os europeus invadiram a África com a desculpa de evangelizar?
Por que diabolizaram os deuses africanos, a nossa maneira de adorar e nos forçaram a seguir os deuses deles — mesmo sem compreenderem a nossa língua nem a nossa cultura? Não terá tudo feito parte de um plano bem elaborado com um propósito específico?
Segundo a história, a África já foi a maior potência do mundo: centro de comércio, ciência e conhecimento. Essa realidade começou a mudar com os saques europeus, a pilhagem das riquezas africanas e a introdução do cristianismo imposto pela colonização.
Um Chamado à Consciência
Aqui deixo uma chamada aos cristãos:
Será que a Bíblia realmente trouxe algo novo?
Antes da chegada da Bíblia, já sabíamos que matar era errado.
Já sabíamos que não devíamos desejar a mulher do próximo.
Já tínhamos como princípio tratar o vizinho como família, como símbolo de amor e respeito mútuo.
Portanto, é necessário refletir: a Bíblia foi realmente um instrumento espiritual de libertação ou, ao contrário, tornou-se uma ferramenta de dominação e alienação cultural?
👉 Esta leitura crítica não pretende negar a fé, mas trazer à luz a verdade histórica e espiritual: que a África tinha — e ainda tem — a sua própria forma de se conectar com o divino, apagada pela imposição cultural e religiosa europeia.