Pular para o conteúdo

O Desastre Que O Cristianismo Trouxe A África: O Dia Em Que Mvemba-A-Nzinga Matou A Própria Mãe

“O Assassinato da Tradição: Como a Fé Europeia Fez um Rei Bakongo Matar a Própria Mãe”

O Desastre Que O Cristianismo Trouxe A África: O Dia Em Que Mvemba-A-Nzinga Matou A Própria Mãe



Introdução

A história africana está repleta de episódios de grandeza, resistência, reinvenção e espiritualidade profunda. Mas também guarda capítulos de dor, rupturas e consequências devastadoras da aculturação europeia. Um desses episódios é a chocante narrativa — registada num texto de 1782 — que descreve o momento em que o rei do Kongo, Mvemba-a-Nzinga (mais conhecido pelos portugueses como D. Afonso I), mandou enterrar viva a própria mãe por causa da sua recusa em abandonar as crenças espirituais ancestrais do povo bakongo.

Este episódio não pode ser lido apenas como um ato isolado de fanatismo. Ele representa o início do desastre psicológico, cultural e espiritual que o cristianismo traria para muitos reinos africanos: a demonização das divindades locais, o desprezo pelas autoridades tradicionais e a destruição dos pilares espirituais que sustentavam sociedades inteiras.


1. O Texto de 1782: Quando o Cristianismo se impôs com violência

O documento de 1782 descreve com clareza a mentalidade de Mvemba-a-Nzinga após a sua conversão:

“Proibido haja Ídolos… causa mínima que seja de idolatria e feitiçaria… os punirei com castigo da morte.”

A violência religiosa não veio apenas dos missionários — ela foi adotada pelo próprio rei, que passou a acreditar que o único Deus válido era o Deus europeu. Nenhuma tolerância, nenhum equilíbrio, nenhuma preservação dos valores africanos.

Mas o que mais choca é o episódio envolvendo a sua mãe:

“E somente sua própria Mãe… não quis largar um idolozinho.”

Esse “idolozinho” era, para os missionários, superstição. Mas para o povo bakongo, era nkisi, era ligação ancestral, era história, era identidade, era proteção espiritual.

A narrativa segue para a parte mais brutal:

“Mandou cavar uma sepultura… mandou chamar sua Mãe… passando sobre ela deu com ela no fundo… e El Rei D. Afonso ordenou que a enterrassem viva.”


2. A Ruptura com o Kanda: Psicologia da Aculturação

O Reino do Kongo era matrilinear. A identidade, o kanda (linhagem), a legitimidade espiritual e social vinham pela mãe. Entre os bakongo, matar a mãe não significa apenas matar um familiar. É destruir o elo com os ancestrais, com a proteção espiritual, com o próprio sentido de pertencimento.


3. O Simbolismo da Morte da Mãe: O Assassinato da Tradição

Dentro da cosmologia bakongo, a mãe representa:

- origem

- ligação à terra

- ancestralidade

- poder espiritual

- linhagem

- proteção 


4. O Cristianismo Como Instrumento de Destruição Cultural

O cristianismo chegou como ferramenta política, como estratégia de dominação, como instrumento para controlar reinos e demonizar as tradições africanas.


5. Lições Para o Futuro: O Alerta Contra o Neocolonialismo

Hoje a narrativa é recuperada para alertar sobre os perigos da perda da identidade africana e da aceitação cega de modelos estrangeiros.

Conclusão

A morte da mãe de Mvemba-a-Nzinga não é apenas uma história do século XVI. É um trauma coletivo e um espelho que ainda hoje questiona: quantas vezes enterramos viva a nossa própria cultura em nome de modelos que nos são impostos?

 

Compartilhar esta publicação



Arquivar







Nosso Parceiro
Zango III, Rua da Dira Proximo ao Tribunal de Julgados de Menores
+244 948 062 055

Seja um apoiador do nosso canal e ajude a manter nosso trabalho. Obrigado!
Envie seu comprovante para que possamos expressar nossa gratidão
Faça login para deixar um comentário
A Galinha Não Acompanha o Pato - Provérbio
Provérbio Africano Angolano