Mpetelo Messami e o Despertar da Ancestralidade Africana
Quando a música volta a falar com os deuses…
Num tempo em que muitos ainda procuram aprovação longe das suas raízes, surge um artista que escolheu regressar ao ventre da terra que o viu nascer. O homem que o mundo conheceu como C4 Pedro renasce agora como Mpetelo Messami — um nome que carrega a força, o peso e o mistério da verdadeira identidade africana. E com ele nasce também uma nova era musical: o álbum “Ancestralidade”.
Esta mudança vai muito além da estética. É um ato de libertação espiritual, um regresso consciente ao sagrado, à voz dos antepassados que, por séculos, foram calados por um mundo que tentou apagar a nossa essência.
Mpetelo não apenas muda de nome; ele reclama o seu verdadeiro nome — aquele que vibra em sintonia com a terra, com o tambor e com os deuses que habitam o tempo.
Um Álbum que é um Ritual
“Ancestralidade” é mais do que música — é uma cerimónia. Cada faixa soa como um cântico, uma invocação, uma ponte entre o que fomos e o que ainda podemos ser.
As batidas misturam o moderno e o ancestral, o afrobeat e o espiritual, criando um espaço onde a tradição e o futuro se abraçam.
Neste projeto, Messami não fala apenas de si — fala de África como consciência viva, fala do poder do nome, da língua, da memória. Ele relembra-nos que não há modernidade sem raiz, e que o progresso só é real quando carrega dentro de si a sabedoria dos nossos avós.

O Significado Maior desta Mudança
A decisão de abandonar o nome “C4 Pedro”, conhecido internacionalmente, para adotar “Mpetelo Messami” é um gesto de coragem e de verdade.
Num mundo em que muitos ainda se escondem por detrás de nomes estrangeiros, ele escolheu a autenticidade como bandeira.
E isso tem um valor incalculável, cada africano que retoma o seu nome, o seu idioma e o seu espírito ancestral, dá um passo em direção à cura coletiva do nosso continente.
Porque a escravidão não acabou apenas com correntes — ela continuou nas mentes. E quando um artista da dimensão de Mpetelo Messami se levanta e diz:
“Sou filho dos deuses da terra, e o meu nome é o eco dos meus antepassados”, ele desperta em milhões de nós o mesmo desejo de reconexão.
A Luta Pela Nossa Cultura é a Luta Pelo Futuro
O renascimento de Mpetelo Messami é o reflexo de um movimento maior — o despertar de uma África que volta a acreditar em si.
Quando a arte se torna veículo da ancestralidade, o povo reencontra o caminho da sabedoria, e a juventude redescobre orgulho nas suas origens.
Essa luta pela autenticidade, pela nossa cultura e pelos nossos símbolos é a chave para o futuro de África. Porque não há futuro digno sem memória, não há liberdade sem identidade, e não há progresso verdadeiro se o tambor não estiver presente.
Um Legado que se Ergue
Mpetelo Messami não apenas lança um álbum; ele abre um portal. “Ancestralidade” é uma oferenda à alma africana — uma recordação de que ainda somos os herdeiros de reis, rainhas, curandeiros e guerreiros.
É o mesmo espírito que ecoa no Tema do Livro O Bastão de Nzinga Mbande, na voz dos griots, e nas danças que resistem ao tempo. Que esta mudança inspire outros criadores, pensadores e líderes a fazerem o mesmo: a regressar ao ponto de partida, ao nome que vibra na língua dos antepassados, e a continuar esta luta sagrada pela valorização da nossa cultura —não como resistência, mas como renascimento.

Resumo do álbum “Ancestralidade”
O álbum foi oficialmente lançado no dia 21 de Outubro de 2025.
É composto por 10 faixas.
O género principal é declarado como Afro-beat; o artista descreve-o como uma fusão entre tradições africanas e sonoridades modernas / electrónicas.
Entre os destaques estão colaborações com os artistas Telminho, Bruna Amado, Jordânia e Lucky Mayanda.
A temática central do álbum gira em torno de conceitos como “raízes”, “ancestralidade”, “espiritualidade africana” — com menção a termos como Nzamba (elefante) e Nzambi (criador do universo em algumas tradições africanas) como símbolos de identidade e poder.
O artista afirma que o projeto serve como “uma ponte entre o passado e o futuro, entre o sagrado e o moderno”.
E agora, desperta com o som de Mpetelo Messami.
Nota de Direitos Autorais
Este texto foi elaborado por Salvador Pedro Andrade Quimuanga, com base em investigação própria, vivências, culturais e tradições orais transmitidas por anciãos da família (Kwanza Norte, Angola). Reprodução total ou parcial permitida apenas com citação da fonte: www.obastaodeNzinga.com .



