
Jonas Malheiro Savimbi:
De Demónio de Sete Cabeças ao Anjo de Luz
Nas parábolas africanas, os mais velhos costumam dizer:
"Podes comer jinguba debaixo d’água, mas as cascas sempre virão à tona."
E assim tem sido com a história de Jonas Savimbi — o homem que, por décadas, foi pintado com as tintas mais escuras da maldade. Um nome que ecoava nos corredores das casas como um feitiço proibido, uma lenda sombria que fazia tremer até as paredes.
O Demónio de Sete Cabeças: a Lenda Negra de Savimbi
Durante anos contavam que Savimbi era mais do que humano — era o próprio demónio de sete cabeças. “Savimbi queimava aldeias”, diziam. “Savimbi cozinhava pessoas em tambores, triturava bebés em pilões, e fazia pactos com as sombras.” Não se questionava. Aceitava-se. A verdade vinha pré-embalada, temperada com medo e servida em silêncio.
O Tempo e o Despertar das Verdades Ocultas
Mas o tempo, ah, o tempo é mestre em rebentar os invólucros da mentira. No dia 22 de Abril de 2002, o demónio tombou. O corpo caiu, mas a lenda... essa apenas começou a mudar de forma. E eu, um jovem na altura, vi o fim do vilão e perguntei a mim mesmo:
"Mas os demónios também morrem?"
E como na Bíblia, onde ossos secos voltam à vida e verdades surgem de desertos, começou-se a revirar arquivos, escavar segredos e encontrar documentos. Os netos começaram a ler o que os avós temiam, e as cascas das jingubas vieram à tona. Aquele que outro hora foi o demónio agora vestia túnica branca. O assassino transformou-se em estratega. O monstro virou mártir.
O Anjo de Luz Mal Compreendido
Afinal, aquele que era visto como a encarnação do mal, talvez fosse apenas um homem à frente do seu tempo — ou melhor?: Um anjo de luz mal compreendido.
Os que antes gritavam “Savimbi nunca mais!”, hoje sussurram:
"Se ele estivesse aqui..."
Uns até rezam pela sua segunda vinda, assim como os cristãos aguardam o retorno do Messias. Ironia? Mistério? Justiça tardia? e hoje é visivel que Savimbi apenas foi um espinho incómodo no lado de um sistema podre?
Conclusão: As Cascas Vieram à Tona
Talvez nunca saibamos tudo. Mas uma coisa é certa: as cascas estão a flutuar... e, quando isso acontece, é sinal do despertar de consciência.
Em memoria do Dr. Jonas Malheiro Savimbi o grande Nacionalista e Herói Angolano!
Nota de Direitos Autorais
Este texto foi elaborado por Salvador Pedro Andrade Quimuanga, com base em investigação própria, vivências, culturais e tradições orais transmitidas por anciãos da família (Angola). Reprodução total ou parcial permitida apenas com citação da fonte: www.obastaodeNzinga.com



