Igreja não é a Casa do Senhor
O sistema religioso é uma organização milenar que visa manipular e controlar as massas.
Muitos religiosos pensam que a igreja veio a existir apenas após o nascimento de Jesus Cristo, mas isso não corresponde à realidade. O sistema religioso já existia séculos antes da chegada de Cristo, estruturado em sacerdotes, escribas e líderes que se colocavam como intermediários entre Deus e os homens.
O poder religioso antes e depois de Cristo
Na Antiguidade e na Idade Média, a sociedade era dominada por duas grandes potências: a política e a religiosa. Até hoje, estas duas forças continuam sendo as mais influentes e manipuladoras.
Os sacerdotes ditavam regras rígidas: determinavam quem deveria viver ou morrer, julgavam pecados e se colocavam como porta-vozes de Deus. Eram eles os que proibiam curas no sábado, ou excluíam os considerados “impuros” do convívio social. Tais práticas não refletiam o Deus amoroso, mas sim um sistema de controle.
Jesus contra o sistema religioso
Com a chegada de Jesus, a verdade ficou mais clara. Ele anulou regras impostas pelo sistema religioso, o que gerou forte perseguição contra Ele.
Jesus não compactuou com escribas e sacerdotes. Pelo contrário, aproximou-se dos marginalizados, abraçou os rejeitados e mostrou que a verdadeira relação com Deus não estava em templos, mas na vida e no coração. É importante notar: Jesus nunca construiu um templo e jamais o chamou de “casa de Deus Pai”.
Muitos usam o episódio em que Ele expulsou os vendilhões do templo como prova de que a igreja seria “a casa de Deus”. Porém, uma leitura mais profunda mostra incoerência nisso, pois o próprio Jesus afirmou que o templo poderia ser destruído e reconstruído em três dias — referindo-se ao Seu corpo, não a uma construção humana.
Manipulação histórica: o Concílio de Niceia
É necessário lembrar que a Bíblia, como a conhecemos hoje, passou por compilações e decisões políticas e religiosas. Um marco histórico foi o Concílio de Niceia (325 d.C.), convocado pelo imperador romano Constantino. Ali, bispos e líderes religiosos decidiram quais livros fariam parte do cânone bíblico e quais seriam excluídos.
Esse processo não foi neutro: serviu a interesses do Império Romano, que via no cristianismo uma ferramenta de unificação política. Portanto, grande parte da estrutura religiosa atual foi moldada pelo mesmo sistema de poder que continua a dominar o mundo até hoje.
Deus não habita em templos
Mesmo assim, o próprio Novo Testamento nos lembra:
“Deus não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 7:48).
E em outra passagem, Jesus orienta:
“Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está em secreto” (Mateus 6:6).
Isso mostra claramente que a verdadeira espiritualidade não depende de construções, mas da relação íntima entre o ser humano e Deus. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, como pode o próprio Deus se contradizer?
Quem realmente matou Jesus?
Quem perseguiu Jesus foram os líderes religiosos — escribas e sacerdotes. Foram eles que pagaram trinta moedas de prata a Judas para identificar o Mestre. Se realmente O conhecessem, não precisariam pagar para saber quem Ele era.
Depois da prisão, Jesus foi levado a Pôncio Pilatos, representante político de Roma. Pilatos declarou não ver culpa em Jesus, lavou as mãos e rejeitou qualquer responsabilidade. Logo, quem de fato ordenou a morte de Cristo foram os sacerdotes e escribas — o sistema religioso que manipulava a sociedade.
Após a ressurreição e subida de Cristo, os discípulos também foram perseguidos pelo mesmo sistema. O poder político apenas serviu de braço executor, mas a essência da perseguição partiu do poder religioso.
A África e a manipulação da fé
Jesus Cristo foi vítima do sistema religioso, morto por ele. Para manter o controle, esse sistema transformou o fato em dogma: “Ele morreu pelos nossos pecados”. Assim, transferiram a culpa e maquilharam a verdade.
Africanos, precisamos abrir a mente! Quanto mais religiosos nos tornamos, mais pobres a África se torna. Enquanto isso, líderes religiosos enriquecem diariamente. Hoje vemos crentes venderem casas e bens para doar às igrejas, acreditando que estão “pagando a Deus” para comprar um lugar no paraíso. No entanto, a própria Escritura adverte:
“Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que de lá desceu: o Filho do Homem” (João 3:13).
Portanto, precisamos voltar às nossas raízes, resgatar a nossa espiritualidade africana, ser verdadeiramente africanos de corpo e alma. Deus não está em templos de pedra, mas em cada ser humano.
Nota de Direitos Autorais
Este texto foi elaborado por Salvador Pedro Andrade Quimuanga, com base em investigação própria, vivências, culturais e tradições orais transmitidas por anciãos da família (Angola). Reprodução total ou parcial permitida apenas com citação da fonte: www.obastaodeNzinga.com


