Etiópia: mesma África, mas calendário diferente
Em 2025, enquanto a maior parte do mundo segue o calendário gregoriano, a Etiópia celebrou o seu Ano Novo, conhecido como Enkutatash, no dia 11 de setembro. Para os etíopes, esta data marcou a entrada no ano de 2018, de acordo com o seu próprio calendário, o calendário Ge’ez.
A diferença de sete a oito anos em relação ao calendário gregoriano resulta de um cálculo distinto do nascimento de Cristo. Além disso, o calendário etíope possui 13 meses, sendo 12 meses de 30 dias cada e um mês adicional de 5 ou 6 dias, dependendo do ano.
Um continente, dois tempos
É curioso notar que, embora partilhe do mesmo continente africano e do mesmo clima tropical, a Etiópia vive em outro “tempo”. Enquanto o mundo avança em 2025, os etíopes estão apenas a celebrar 2018, lembrando-nos que a forma de contar o tempo também é parte da identidade cultural.
Resistência cultural e histórica
Durante a colonização, o Ocidente impôs o calendário gregoriano como padrão mundial, numa tentativa de uniformizar povos e culturas sob a sua autoridade. A Etiópia, porém, manteve-se firme às suas tradições. Sendo um dos poucos países africanos que não foram colonizados, preservou o seu calendário original como símbolo de resistência e autonomia.
O tempo como soberania
O calendário etíope não é apenas uma contagem dos dias. Ele representa soberania, memória histórica e independência cultural. Ao celebrar o Enkutatash em setembro de 2025 — marcando o início do ano de 2018 — a Etiópia reafirma que a África é plural, com diferentes formas de contar o tempo e de viver a história.