Colton Ouro Negro: A Maldição das Riquezas Africanas
Quando a bênção vira condenação
Todos nós conhecemos a verdadeira causa da colonização africana: o desejo de subjugar e dominar o continente por meio da exploração das suas riquezas naturais. A história do colonialismo é também a história do saque sistemático do ouro, diamantes, petróleo, urânio, madeira e muitos outros recursos que alimentaram impérios enquanto deixavam a África mergulhada em guerras, fome e desigualdade. Ainda hoje, no século XXI, África continua a sangrar pelas suas riquezas.
Ouro Negro: Um novo metal, a mesma dor
Num momento em que o mundo vive uma nova revolução tecnológica — com inteligência artificial, robôs avançados e a computação quântica — o surgimento de novos materiais tornou-se prioridade global. Em muitos universos da ficção científica ocidental, existe a figura de uma substância energética poderosa, como a Pedra de Energon, presente em filmes como Transformers. Este material é descrito como uma fonte de energia infinita, capaz de alimentar máquinas e estruturas autônomas sem depender de eletricidade ou combustível.
Na minha obra literária — especialmente em O Bastão de Nzinga Mbande e no próximo livro A Máscara da Muana Pwo — apresento o Ouro Negro, um metal raro, escuro e energético, descoberto por povos africanos após tempos de guerra. No entanto, assim como o ouro real e o petróleo do nosso mundo, o Ouro Negro torna-se símbolo de uma tragédia anunciada.
Sugestão de Leitura: Vibranio é real o ouro negro que a África possui e ninguém fala (Colton)
A maldição da abundância
Na realidade, cada descoberta de um novo recurso em África já não é celebrada como esperança — é temida como prenúncio de mais dor. A cada barril de petróleo, mais fome. A cada quilate de diamante, mais conflitos. A cada grama de ouro, mais doenças e miséria. E agora, com a possibilidade de um novo material energético — real que outro hora era fictício — a narrativa repete-se:
O que deveria ser uma bênção, tornou-se condenação.
Na região do Congo, por exemplo, há murmúrios de novas guerras ligadas à exploração de minerais raros como o coltan, essencial para a produção de smartphones e tecnologia de ponta. E muitos temem que, com o avanço da robótica e da inteligência artificial, a procura por materiais como o “Ouro Negro (Colton)” — ou seu equivalente real — traga ainda mais sofrimento para o continente.
A tecnologia do futuro pode custar vidas africanas
A verdade é dura: enquanto o mundo caminha para um futuro high-tech, a matéria-prima desse progresso continua a ser extraída da terra africana, muitas vezes às custas de sangue inocente. A história do continente é marcada por ciclos de dominação travestidos de progresso — e a era digital não parece ser exceção. O Ocidente impõe modelos políticos, religiosos e económicos que perpetuam o neocolonialismo moderno, onde a dependência é disfarçada de ajuda e o roubo é travestido de investimento.
Conclusão: Entre o poder e o pesadelo
O abono divino de riquezas que África recebeu deveria ser motivo de glória e desenvolvimento. Mas, ao longo dos séculos, tornou-se uma arma de destruição contra o próprio povo africano. O “Ouro Negro” que criei como símbolo literário é, ao mesmo tempo, um alerta: não basta sonhar com o avanço, é preciso garantir que esse avanço seja justo e humano.
Se África não se apropriar do seu próprio destino, continuará a ver suas riquezas transformadas em instrumentos de opressão — pelas mãos de quem nunca largou o chicote da dominação, apenas o trocou por gravatas, drones e contratos empresariais.