O Intelectual Ignorante Africano - O cúmplice da Colonização
É inegável que a África, historicamente, ocupa um lugar marginal nos holofotes da ciência, da tecnologia e da produção intelectual global. As nossas contribuições à medicina, às leis, à espiritualidade e à filosofia raramente são reconhecidas ou legitimadas pelas instituições ocidentais, que se colocam como únicas fontes do saber universal. Isso força os nossos profissionais, acadêmicos e técnicos a se curvarem aos parâmetros europeus para obter reconhecimento, seja local ou internacionalmente.
Mas há algo ainda mais perverso nesse cenário: a existência de uma intelectualidade africana que, colonizada no espírito e na mente, tornou-se ignorante de si mesma.
Trata-se da figura do intelectual ignorante africano — aquele que, mesmo munido de diplomas e títulos, continua preso aos livros, pensamentos e sistemas europeus, sem questionar o enraizamento desses conhecimentos na negação da identidade africana. Ele é o produto mais bem acabado de uma lavagem cerebral sofisticada, que o convence de que, quanto mais se distancia da África, mais intelectual ele é.
A Mente Que Se Curva e o Espírito Que Se Cala - O intelectual ignorante africano:
Sente-se europeu em sua forma de pensar, falar e agir, mesmo vivendo em solo africano.
Olha sua própria terra com desprezo, tratando a cultura africana como sinônimo de atraso.
Rejeita seus hábitos, sua língua e sua espiritualidade, preferindo viver numa Europa imaginária onde ele se iguala ao seu colonizador por dominar suas ideologias.
Admira o branco, mesmo que mendigo, e despreza o africano pobre que labuta sob o sol, como se o valor de um ser estivesse na cor da pele e na textura do cabelo.
Queima seus totens, renega seus símbolos, chama seus deuses de demônios — mas se curva aos símbolos europeus e clama por bênçãos na língua do colonizador.
Entrega o pouco que tem aos estrangeiros em nome de uma bondade que só beneficia quem nunca faria o mesmo por ele.
Acredita firmemente que tudo o que conquista vem de Jesus Cristo, enquanto esquece Nzambi Mpungu e os deuses que sustentaram sua linhagem antes da colonização espiritual.
O Colaborador da Nova Colonização
Esse intelectual, infelizmente, não é apenas vítima — é cúmplice. Sua mente treinada para rejeitar a própria origem o transforma num embaixador do pensamento colonial, que vê no conhecimento europeu uma escada para fugir de sua “africanidade”.
Quanto mais se parece com o colonizador, mais se sente importante. Quanto mais rejeita os seus, mais acredita estar evoluído. Para ele, a intelectualidade é uma fuga da sua cor, do seu povo e da sua terra. E quanto mais distante de ser “preto africano escravo”, mais intelectual ele acredita ser.
O Despertar É Urgente
A libertação da África não será completa enquanto os nossos próprios pensadores continuarem de costas para a nossa história, nossa cultura e nossa espiritualidade. Precisamos de uma intelectualidade enraizada, que saiba dialogar com o mundo, mas sem perder de vista a sabedoria ancestral africana.
Precisamos formar intelectuais conscientes, não colonizados. Homens e mulheres que abracem a língua, os deuses, os ritos, os símbolos e os saberes da nossa terra — não por nostalgia, mas por convicção de que não há futuro possível sem raízes firmes.
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