Do Ritmo Marginal ao Estilo Nacional
O Kuduro é hoje um dos maiores símbolos da identidade musical angolana. Nascido nos bairros suburbanos de Luanda, o estilo atravessou décadas de evolução, resistência e inovação, até se tornar um verdadeiro movimento cultural. Mas como começou essa história? Quem são os nomes que moldaram o Kuduro? Acompanhe este artigo e descubra.
O Início: Quando o Kuduro ainda não era Kuduro
Antes de receber o nome que o tornou famoso, o Kuduro começou como uma forma de dança inspirada no estilo techno. Na década de 1980, bailarinos underground de Luanda eram influenciados por artistas internacionais, como o americano MC Hammer, cuja postura energética e ousada serviu de inspiração para muitos.
Foi nesse contexto que surgiu Eduardo Paim, com uma música intitulada "Açúcar", considerada a primeira batida com traços do que viria a ser o Kuduro. Ainda assim, o nome “Kuduro” não existia formalmente na época.
Tony Amado: O Rei e Criador do Nome Kuduro
Em 1994, Tony Amado, após uma temporada nos Estados Unidos, lançou a obra "Sexy Musa", um álbum com várias influências musicais. Uma das faixas trazia uma batida peculiar que ele apelidou de “AmbaKuduro”. A dança que acompanhava essa batida exigia fortes movimentos da cintura para baixo – uma mistura de rigidez e ritmo. Daí surgiu o nome Kuduro, fazendo referência ao “cú duro”, em alusão à forma como os quadris se moviam de maneira dura e cadenciada.
Tony Amado é, por isso, amplamente reconhecido como o criador do nome e do conceito do Kuduro como estilo musical e de dança.
Sibem: O Rei das Paranoias
Na sequência da popularidade do Kuduro, surgiram outras figuras marcantes. Uma delas foi Sibem, convidado por Tony Amado para colaborar em uma música. Com sua presença marcante, estilo irreverente e ousadia, Sibem trouxe a chamada “paranoia” ao Kuduro – um toque de loucura artística que cativou o público e inspirou seguidores.
Apesar de sua importância, Sibem enfrentou um período difícil. O Kuduro, por sua ligação aos bairros periféricos e por sua estética agressiva, passou a ser marginalizado pela sociedade e pela mídia tradicional. Mas Sibem lutou pela continuidade e aceitação do estilo.
DJ N.K. (Nike): O Primeiro Álbum 100% Kuduro
Outro nome essencial é o de DJ N.K., também conhecido como DJ Nike, responsável pelo lançamento do primeiro álbum verdadeiramente dedicado ao Kuduro: "99% Kuduro". O disco continha faixas icônicas como “Sobe, Sobe, Sobe” e “Kuba em Angola”, que marcaram uma geração e consolidaram o gênero no mercado musical angolano.
A Nova Geração: Pai Diesel, Máquina do Inferno, e Outros
Com o tempo, o Kuduro ganhou novas vozes. Nomes como Pai Diesel (o novo rei do Kuduro), Máquina do Inferno, Siba Mal do Arrazo e muitos outros, surgiram e contribuíram para a expansão do estilo até os dias atuais.
A Revolução das Rimas: O Kuduro Falado
Originalmente, o Kuduro era marcado por versos livres e animados, sem compromisso com rimas elaboradas. Mas a partir de 2024, o estilo começou a se renovar com a inserção de rimas nos versos. Um dos maiores responsáveis por essa mudança foi Puto Prata, que trouxe mais estrutura lírica às músicas.
Essa fase também revelou nomes como Puto Lilas, Os Lambas, Fofandó, Noite e Dia e Nayol Crazy – artistas e mulheres que inspiraram toda uma geração de kuduristas femininas.
Os Mussekes em Alta: Sambizanga, Rangel e a Marginalização
Com a ascensão dos Lambas ao estrelato, o Kuduro voltou aos holofotes com uma estética ainda marginalizada. Os bairros do Sambizanga e Rangel se destacaram, sendo berço de artistas como Puto Lilas e Puto Prata, que rivalizavam diretamente com os Lambas.
Por essa forte presença em guetos e entre gangues, o Kuduro passou por uma fase de forte associação ao crime e à marginalidade, o que manchou temporariamente a imagem do estilo.
Bruno M: O Kuduro Entra nos Lares
A virada de imagem veio com Bruno M, que surgiu em 2006 com um estilo mais educado e refinado. Ex-integrante de um grupo marginal chamado Alameda, Bruno M conseguiu se reinventar como artista e trouxe um toque académico e sofisticado ao Kuduro.
Ele foi responsável por levar o estilo a lares mais conservadores, inspirando novos nomes como Os Vagabandas, Agre G e outros. Bruno M não apenas conciliou o estilo com elegância, como também reconectou o Kuduro com o público familiar.
Conclusão: O Kuduro Vive e Evolui
Hoje, o Kuduro continua a evoluir. É dança, é música, é cultura, é expressão popular. Nasceu nas ruas, enfrentou preconceitos, e conquistou seu lugar como uma das maiores criações culturais de Angola.
Dos mussekes aos palcos internacionais, o Kuduro é, sem dúvidas, uma força viva da juventude angolana.
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